Ok... Chega!! Ela entrou no quarto, juntou meia dúzia de roupas, alguns acessórios, colocou dentro de sua velha bolsa e olhou-se no espelho buscando coragem. Pensou no marido, família, conforto, futuro. Chorou. Limpou a borrada maquiagem e pegou um papel e uma caneta: "...Desculpe, mas essa vida não é para mim..." Que coragem! Coragem?! Enquanto andava sem rumo pensava para onde diabos a vida lhe levaria. R$ 127, 00 em dinheiro, identidade, cartão do banco liso, depois de cumprir com suas obrigações: Será que ela conseguiria levar adiante esse chutar de balde? Lembrou dos óculos de grau que deixara em cima de sua mesa. Quis voltar, mas pensou que sem eles poderia ter uma visão menos detalhista da realidade que se anunciava. Lembrou também d  o carregador de seu celular que ficou na tomada. Mas ponderou que quando acabasse a pouca bateria de seu aparelho, perderia a comunicação com aquele que julgava seu velho mundo. Perdas simbólicas, mas necessárias! - Pensava ela enquando caminhava pela estrada com poças de água. A mesma estrada que andou há dois anos atrás quando julgou caminhar "com suas próprias pernas". Parou, pensou: "Passou anos fugindo e vendo no espelho o seu próprio fanstasma: Será mesmo que o bom filho a casa torna?". De volta inteira ou pela metade, sinto saudades do único espaço em que posso ser verdadeiramente eu. Anna Dark |